"Break" Toutain, 2006
eu continuo aqui com minha vontadezinha danada

eita, vontadezinha danada...

os olhinhos revirando
que nem holofote de cadeia
e o dente beliscando
a pontinha do dedo

...

soh de beliscagem...

hum.

ah que bom se eu fosse
essa massinha espremida
entre esses quatro tijolos...

... vixe ...
plano

eita se tivesse um aqui
um moco bom de fazer pecado!

eu ia chegar nele
e ia falar na orelha dele
assim com voz de cobra
"ói você, não respira forte não
que eu tô de plano..."

ai eu ia dar um riso
e ia chegar nele de novo
"ói voce, com essa barbicha...
eu conheco um campo que precisa arar..."

ai se eu tivesse
uma enxada boa
de mexer a terra...

16.5.3
catolica

com um sentimento assim
de claras em neve,
olho pros cadarcos exaustos,
se segurando no meu sapato.

do nada, do nada
meus cabelinhos
levantaram as antenas
e eu penso assim

eita vontadezinha de fazer pecado...

16.5.3
catolica

com um sentimento assim
de claras em neve,
olho pros cadarcos exaustos,
se segurando no meu sapato.

do nada, do nada
meus cabelinhos
levantaram as antenas
e eu penso assim

eita vontadezinha de fazer pecado...

16.5.3
crisantemo

as horas, como esta, sem ponteiro,
sao horas de palavras sem ouvido,
sem nos, e sem costura e sem sentido...
e elas, nao as tenho no palheiro.

nao tenho as que funcionam como um dedo
e enxugam d'agua triste a seca fonte
nem que entre o peito e a lingua fazem ponte
... nao sei sua magia nem segredo.

nao pareco achar a tal palavra certa
(nas tantas que eu tenho aqui comigo)
que ha de refazer todo o desfeito...

mas se quiseres porta, tenhas esta:
encosta teu silencio no meu peito,
e lembra a esta dor que te molesta
que a morte nao eh premio nem castigo.
voce soh pode ser o que chamam de ideia fixa.

eu adivinhei ontem
que voce eh
eh um pen...
pen...
pen...
pen...
pen...
pen...
pen...
pendulo
es tu pen du lo

11.5.3
Doce Sonho Feliz


Sonhei ontem 'a noite um jardim
de rosas em flor 'carpetado
coelhinhos pulavam de um lado
fadinhas de asinhas cetim



no ar um sabor de ternura
soh palavras de amor e de bem
tres milhoes oito mil e mais cem
coracoes a pulsar com candura


e no canto do sonho, eu, distante
- anjo virgem de cachos doirados! -
serelepe com algo na mao


nao, nao era um balao prateado,
nem a festa de doce-algodao,
mas um detona-bombas gigante!


E apertando tal dispositivo
explodia, estragando-lh'os bofes,
uma bomba em cada criatura


[ (tao irritantemente animada
rocococalmente rimada
de morango e sache perfumada
polianarcoticozada
borboletas, anjinhos, cambada!) ]




: - :
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhh
o gozo me escorria pelas pernas
grosso e quente com o sonho realizado:


sangue escorria das agendas de capricho
candurinhas engasgadas com as proprias sapatilhas
ursinhos carinhosos em orgia com os pequenos poneis
gritando "enfiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, mete tooooodddaaaaaaa" : - :




os delicadinhos e dulcissimos
eram justamente forcados
a engolir um por um
exemplares da teoria do abraco
e caga-los sem o auxilio da digestao


coelhinhos empalados com barbies-princesa,
depilados com adesivos da xuxa!
todos os diminutivinhos
queimandinho
queimandinho
atezinho o ultimozinho cabelinho do cuzinho



... e nunca mais
nunca nunca mais
eu tinha
de ler tanta merda anilinada.


9.5.3